quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Um compasso
Em cinco minutos
As tuas marcas
Passo a passo
Elevação
Suspeição do
Infinito?
Para onde me leva Bach
Neste adágio
As tuas sombras
Chegam-me ao fim do dia
Serás tu
Ou a nostalgia
Que me tece este cordão
Atravesso a miragem dos teus olhos
Vou pela melodia
Que sai dos teus dedos
Quando me entrego à vida que passa
Lenta
mente …
Isis escutando Bach

Johann Sebastian BACH Adagio, BWV 974 - La vie passante, Christian Bobin

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Uma parte de mim
Saiu por aí
Rumo à liberdade

A outra estilhaçada
Entre o sim e o não
Desceu ao âmago da terra
Em busca de
respostas

Se respostas houvesse
Do lado de lá de mim

Mas, ah…
Crê no samsara
Senhor que dá a vida
Esta aquela e a que há-de vir.

Eis aí o abrigo
Onde a alma
Se esconde:
Não-Ser
e

permanecer

imagem: Dascha Friedlová .

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Senhor que vais além das estepes
Libertas o homem das algemas
De súbito o resgatas das trevas mundanais







Só tu lhe entregas a chave da galáxia
a que poucos nos elevaremos
deste planeta onde o sol
se curva aos anéis de saturno.
Vens
Surpreendes os homens
Paralisas o desenfreado marte
Que nos habita
Acreditamos que os tapetes voam
Para lá de Gaia
Como se vive em ti?
Quem chega à 12ª morada?
Ó questionador interno do livre arbítrio,
Ainda que Saturno me imponha regras,
Tu dirás que sempre os ventos inesperados
 soprarão do oriente.

E nós em ti sentimos a mudança!

terça-feira, 29 de setembro de 2015

O palhaço está triste

O palhaço está triste
Foi despedido
Já não há circo

Só vais ao palco
no dia um de cada mês
Não é por mal
Mas não faz falta tanta risada
Queiras ou não aqui no circo
Quem manda sou eu

O palhaço está triste
Foi despedido
Já não há circo

Se queres cantar
Isso é lá contigo
Montas o palco
Noutra cidade

A palhaçada aqui
Fica para outra vez
Quando eu te disser
Sobes ao palco
E acendes a luz
Mas bates à porta
E fazes truz truz
Para eu saber
Que o palhaço
passou por aqui
no dia um de cada  mês

O palhaço está triste
Foi despedido
Já não há circo

Partiu-se a corda
Do pobre palhaço
Já não faz rir
A criançada
Pintou a cara para nada

O que fazes tu agora
Grande palhaço
Vai montar a tenda
Noutra cidade
Se ainda souberes
Fazer  rir a criançada

Tua alma gigante
de açúcar mascavado
Irá temperar
Os dias tristes
Noutras cidades

Ou mudas o estilo
Ou não passarás
De um palhaço antigo

Não mostres coelhos
Na tua cartola
Já estamos fartos disso

O palhaço está triste
Foi despedido
Já não há circo