De
repente, muito de repente,
a cor destas montanhas se desvaneceu.
O
sol envergonhado assiste
às
lagrimas
de
nuvens
que
vêm direitinhas
para
a terra
em
nupcial
cântico.
E
fico contemplativa
e demoradamente descrevo para mim
a ondulação das serras em
frente,
Como
se pintasse o arco-íris
numa
pontuação irregular.
E
nada sei da origem dos ventos
que
me acariciam os dedos na escrita
e
dão sentido às velhas metáforas
que
carrego nos alfarrábios sem cor.
Pura ficção
de que alguma coisa se altera.
Pura ilusão,
tudo continua.
Na fluída e incerta essência misteriosa
da vida,
Na fluída e incerta essência misteriosa
da vida,
flui em verdes sombras a água nua na
Curva do rio
Curva do rio
onde se escondem as ideias adormecidas.
O mesmo rio não pára.
O principio está só no pensamento,
O principio está só no pensamento,
E o sol assistiu à descida das águas
que
agora darão de beber à terra.
E estas montanhas de novo serão alimento...
E a vida é um circulo!