sábado, 29 de dezembro de 2012


Olhos no silêncio:
Repara,
Nos meus lábios já não há preces
Em noites de solidão
Em noites de lua cheia
Em noites de um mar de prata

Não sei voar nesse mar sagrado

A  cálida noite refresca-me a dor
Quero na noite depositar as minhas mãos
Quero entornar este lamento
Nascido de batalhas em campo de espera
Que me arrebatem os sentidos
E me impedem de caminhar

Ah, Que a cada nascer do Sol
Eu principie nova jornada

Olhar-te-ei em silêncio
Dançarei no teu silêncio

Escuta:

Vem beijar a ascensão do dia
Que a madrugada deixou aqui

É a valsa do meio dia
No seu esplendor.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


Há gritos abençoados
Este é um deles
A alegria é contagiante

Reacender o fohat álmico
é urgente…
adormecido na incerteza
cristalizado
como um mau olhado

O teu grito é de vida
O meu é de esperança

Façamos deste gritos
O caminho a percorrer

É preciso arrancar as ervas daninhas
É preciso acreditar
Perdidas não estão as guerras
E a alma parte à conquista,
regressa à vida
ergue-te das trevas, ó peregrina!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Pelos céus se passeiam
Egle, Erítia e Hespéra

Ó luz vermelha do entardecer
Ó esplendorosa rainha da tarde
Ó dama do crepúsculo vespertino

Sois senhoras, sois divinas
Presidis à passagem do tempo
Maestrinas das horas,
Companheiras neste palco
Que ilumina a vida

Sois o canto mavioso das nascentes
Eis que sussurrantes exalais ambrósia
Ó ninfas do poente
que habitais o extremo ocidente
Profetisas sois desta gente

Vossos jardins encantam o Atlas
Sois o pomo de ouro

Não importa quem sois, 
filhas de Zeus ou da noite mais escura.
 Domadoras sois de feras selvagens
Ó guardiãs da natureza,
Desde o profundo mundo ao excelso paraíso

Sois ainda as benfeitoras
desta terra, jardim de imortais
capela de deidades,
abrigo de frescas árvores frondosas
senhoras de Gaia que assistis ao pomo da discórdia  
junto à fonte da eterna juventude

Guardadas estais pelo dragão das sete cabeças
Nessa gruta  onde  Perseu ousou  entrar;
E o rei vizinho tomou de assalto.
Ao mundo fostes restituídas,
Esses trabalhos hercúleos
valeu-nos o ensino dos astros.

És a estrela da manhã
Que anuncia o sopro divino

Ó silêncio de nervuras
Que te ergues e me acaricias
Eis a tua vinda,
Eis o nosso encontro desejado

A vida parou
E a estrela anunciou
Que o teu corpo é falésia
Onde me perco
É deserto
Onde me encontro

E eu aqui estou
Aurora boreal dos teus céus
E espalho aos quatro ventos
 o sopro quente que me deixaste

Foste lírio na saliva
Emanação
Criação
Revelação

Rendi-me sob o candelabro do amor
Divina estrela
Tu, que seis pontas me ditas...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A serra que me atravessa

Ao longe

As serras adormecidas
Sussurram –me abraços
Que guardo na memória
na distância dos teus lábios

Conservo  o azul cinzento
Que o tempo me trouxe
E neste doce cruzar de olhos
Deixo cair o vestido

Peço emprestados os versos
:ӎ neste olhar
   e no semtir-te
além do corpo
que ouso mesclar no som 
destes murmúrios …”
e descrevo  as serras que
ganham contornos mais acentuados,
porque a madrugada vem chegando
e os meus olhos ganharam brilho
para te sentir no azul cinzento deste
pensamento.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012


Tracei a tinta da china o teu retrato
Mas prefiro o lilaz
Essa cor que te emoldura  o rosto
Em cambiantes de luz
Réplicas da tua alma

Respondes-me com as mãos, os olhos,
o corpo inteiro
É nesse gesto que leio o calor da tua voz,
O perfume do teu olhar,
Neste retrato

Sublime rei
Pontifex,
Construtor de pontes
Conecta teus filhos
Eleva-os ao lugar crístico

Sois a exactidão pitagórica
E a criação em consciência
Derramai sobre o universo
A perfeição que lhe falta

Ancião dos dias sois…
Ensina-nos a destruir o dragão negro
que nos submete ao abismo
aqui na terra

Mostrai-nos o cadafalso
onde se destroem os egos,
E  a alma será fortificada.

Que provas aguardais,
Que mais quereis deste povo
Vagueando nos fracassos
Das tentações,

Nós,  simples mortais
Aqui nos consumimos
Devorados pelo fogo dos castigos,
Agrilhoados pelos egos
 artífices do destino
Que construímos
 Na Lei suprema da vida


Só vós, senhor, cavaleiro mago, 
que guardais a espada e o cálice a 
que todo o homem aspira
Nos abrirás os olhos.

Aguardamos a hora:
Essa aspiração interior,
Revolução da consciência.

Desçamos  aos infernos
Humildemente identifiquemos
Os fios egóticos que nos ligam à matéria.

Respondeis-nos:
Conhecei a humilhação, sereis humildes,
Conhecei a traição, ganhareis o perdão.

Atrás dos tempos,
outros tempos hão-de vir:
A ignorância será destruída quando o homem se conhecer a si próprio.

Eis que cada  um verá o seu Cristo  interior e vivo, o grálico esplendor transcendental.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Não sei das raízes
Não há rios, não há mares
Na conjugação do meu ser

A nau partiu, perdeu a rota

Outros foram os caminhos
O marinheiro perdeu-se
Na Via Láctea

Perdidas estão as velas
Nesta vida descontente

Busco o castelo anelante
E o mar cruzou os braços
 e deixou-me aqui…
Porque choro 
         a vida morta
                  que carrego
                                 e nunca vivi.

O MEU FRIO
A ausência física é dor
A presença ausente é um suplício
Não há brilho, não há esplendor
Não há corpo
Não há caricia
E os dedos ficam constrangidos,
humilhados

E são tão reais estas dores
Este vermelho de veias
que me cobre o corpo


E o amor pergunta à dor
Se vale a pena ficar

Um frio tenebroso percorre a alma
E é terça feira
E eu leio-te para curar  estas feridas

Que te não desenho
Porque a mágoa corrói,
corrói
e o corpo geme
baixinho, por ti.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Atravessa-me os sentidos
Uma força misteriosa
Vista de trás das vidraças,
Na alma das ruelas

Evolam ácidos bordados
Na tua pele

A violência devora-me a tragos largos
E  nos silêncios adivinha-se
O poder do subconsciente

Raio desmedido
Rasgo dilacerante
Ruptura de gineceu
  
A pitonisa não se engana
O velo de ouro será entregue 

Erguem-se ameias entre o meu desejo
e o corpo.
acordo estarrecida de um sonho 
que me estremece  e arrebata.

 A tua pele toca-me os sentidos,
vejo-te, sinto-te cúmplice nesse olhar
doce e salgado que me cobre no leito sonhado 

Ah, doce ilusão deste outono amarelado, onde jazem
lençóis desfeitos na minha memória ardente.

Quem vem interpretar o sonho que te não revelo...



A princípio, 
vagamente deixo-me transportar pelas tuas palavras.
Depois, o teu sorriso, a tua gargalhada
A pele dessas palavras penetram-me
Ferozmente.
Já não sou eu…
Que me importa que a palavra tenha gumes ou ácidos
Se com ela me entendo, 
penso e medito Sem tempo
Não inventes relógios, colhe o momento bendito.
Solta os silêncios, 
quebra as amarras do teu pensamento
Sê, apenas,
Festa sem senhora da agonia

No lilás dos teus hinos
Ouvem-se bailias e barcarolas

Com elas viajo.
São cânticos de amor no vértice do teu tempo irreal e fragmentado.

Lua nova de Agosto
Que te leva para rotas de quentes desejos,
grava-te nos lábios sorrisos de incenso que arderam até ao fim…
Lua nova de Agosto
 deixa-me sonhar até ao fim…

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

No odor das tuas palavras ...
                                                    habitam os pensamentos com que adormeço...
A mudez é em ti uma
expressão
Descobres-te nesses
medos que te devoram as
horas
e te cravam a pele de
cansaços
Ah quem pudera revelar-te os
segredos
que os meus silêncios guardam,
Fazer nascer a cada
madrugada
um musical em flor
em compassos nunca escritos,
apenas vislumbrados nas entrelinhas da
vida,
em soluços que adivinho,
ao compasso do
violino
que me envolve
em jade e fogo
neste vendaval de
palavras
que nunca chegam a ser ditas
Ah contemplação, contemplação
Mergulho nos teus
Silêncios
E percorro a tua
Ausência.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012


Resposta a Sahra

Estamos na ausência do amor
E sabem-me a nenúfares as tuas palavras.

Quebra os silêncios, escuta o grito do cisne -  a sua amada morreu!-

Não há dor na saudade
Mas a consciência de ti fora de mim.

Quisera um cavalo alado que me transportasse para os teus braços.
Quisera a vontade de te chamar.
Quisera ser quem não sou.

Seguir os teus passos, tatuar-te na minha alma, dizer-te que estou aqui,
 Eis o que exalto nas noites longas da tua ausência que perto choro.

São dias e dias, são noites e noites, és tu e sou eu, 
somos nós e o mar imenso que vai de mim para ti.
E eu não tenho barco e as ondas são altas 
e falta-me a força para te abraçar de novo.

No poema, sílaba a silaba, desfaço as tuas recusas, 
acerto o relógio – a corda partiu-se- 
o tempo pára porque eu lhe peço.

Releio as tuas palavras. Sou uma contorcionista do fogo.
Invento as madrugadas em rodopios de saudade.
Fazes-me falta e não me ouves…


Indiferença

 
Como te desejo

 na carne prenhe de outras índias, 

onde a tua pele é almíscar e canela 

em carícias que imagino e nunca senti.

 Mas o teu silêncio transporta um mundo a ruir, 

onde calas os gritos que escorrem 

quando em permuta te sinto a ausência dilacerante.

 As tuas mãos ausentes desenham as curvas 

que nestas palavras deixo amargas e doces .

O sol já vai alto, partiste e sou livre. 

Recrio  a tua  imagem  desvanecendo-se 

para além da curva da estrada.Não sei das cores...

Resta-me re-inventar-te.

domingo, 7 de outubro de 2012

Porque Sara está triste...

Estranha nudez perpassa no teu silêncio
Deixas-te conduzir pelo olhar da noite
Transcendes a realidade
Viajas pela cidade como cesário verde,
Em cada candeeiro desejas a iluminação suprema

Ó janelas abertas ao Tejo,
Abri-vos para os meus sonhos
Levai-me a todos os portos da saudade
Trazei-me, devagarinho, o murmúrio do violino
E eu calar-me-ei na espera

Corro para ti a passos lentos, porque  o nosso encontro tarda.
Tu tardas e eu espero e o Tejo pertence-me
Só ele me devolve o calor dos teus braços, 
nesta noite fogueira onde me sento 
para escutar o violino que me deste.





domingo, 15 de abril de 2012

Com luar ou sem luar...

É no céu que me revejo
Com luar ou sem luar
Entre estrelas e galáxias
Quero mais luz para te sentir, ó criador!

Em viagem, a humanidade corre desesperadamente, em busca  não sabe de quêm, nem porquê.
A cegueira da confusão e da ilusão, deixa-nos nas trevas.
E nós, desconhecemos a luz...

Por quantas experiências terei passado?
Em quantos  planetas terei habitado?
Porque estou hoje aqui?
Porque alcanço, quando alcanço, o que alcanço e que alcanço terá na minha vida, hic et nunc?
 Por onde andará o mago.deus.cientista que me há-de revelar
porque “há mais estrelas nos céus do que todos os grãos de areia nas praias deste planeta?

Onde outros mundos, onde outra gente, em nada igual a mim ou em tudo minha irmã?
Ah, em que regiões começamos a existir?
Força desconhecida regida por quem?
Não procuremos nomear o indizível...
O imanifestado selou-nos com a “não lembrança”,
Perdemos a nossa identidade cósmica,
Agora, perdidos nas Eras, outras Eras hão-de-vir,
descerão a esta galáxia, de quatro bilhões e picos de vida,
muitos seres, como nós, aqui a este espaço terreno que ocupamos há cerca de cem mil anos.
 Muitas foram as formas que vestimos, a carne que ganhamos,
 a cor que escolhemos...
Matéria e espírito, a que se desfaz e o que se transforma e nos dá a eternidade.
Quantos projetos já abraçamos noutras manifestações cósmicas, em busca da consciência Uma?
Virá dos céus esse sinal?