segunda-feira, 30 de junho de 2014

Quem disse que a melodia chegou ao fim...

Não estranhes  a cor do céu
Nada te dê preocupação
Abandona a cota de malha
Abdica dos desejos terrestres
Sê rei de ti próprio nesta batalha

Não talhes a tua vida
No compasso vazio
Dança com a poesia
Busca a beleza em cada olhar
Escuta os címbalos
Que  comandam a vida
Depois... é Orfeu que te prende
À antiga sabedoria
E o filósofo crê na palavra,
Ganha a eternidade.


Resposta ao amigo de ISIS
LITHOS


São páginas e páginas que guardas
Na antecâmara dos segredos
Nesse corredor invisível
Onde os deuses moldam o barro
De que és feito, homem.

Sê mestre da tua obra,
Na simetria do lugar,
Nas malhas do tempo
Por entre raízes e ramos
Ergue o mundo.

Constrói o palácio,
Talhado pela tua mão,
Planta as tuas Rosas,
Sê uno com o Verso.

O universo é a verdade!

Lendo GEO METRIA de Samuel Pimenta
O verbo primordial

És tu que o guardas como Prometeu o fogo
A palavra é silex veloz, sangue novo
Roubado aos Deuses e trazido à terra.
Derrama, sim, o magma de ninguém
Que a todos pertence.

É na prosa ígnea que a roda dentada
Equaciona a tua passagem pela terra,
Aqui aprendeste a nascer a cada golpe
Mapeado pela hermenêutica celestial.

Eis-nos, aqui, ao sabor de zéfiro,
Ele que nos devolve à estrela-mãe
Que nos acorrenta às tertúlias   vazias
E nos afasta da verdadeira geometria

Quando o azimute está nas nossas mãos...

Em diálogo com "O verbo de ninguém" de Jorge Ferro Rosa

No vértice de um olhar
Há esculturas, tempos indizíveis.
Sabe-me a terra este silêncio de prazeres
Que me fere a carne de arritmias.

Há, poder ser a ceifeira e o gato,
Não sofrer  a humilhação da recusa
Inconsciente que no vítrio olhar adivinho.

Descer à tua razão, entender  que
a labareda rubra que me consome
é pedra corrosiva num ser de alabastro
que a meu lado se extingue.

Em resposta  ao teu poema...
no entardecer deste mês de junho.