segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Atravessa-me os sentidos
Uma força misteriosa
Vista de trás das vidraças,
Na alma das ruelas

Evolam ácidos bordados
Na tua pele

A violência devora-me a tragos largos
E  nos silêncios adivinha-se
O poder do subconsciente

Raio desmedido
Rasgo dilacerante
Ruptura de gineceu
  
A pitonisa não se engana
O velo de ouro será entregue 

Erguem-se ameias entre o meu desejo
e o corpo.
acordo estarrecida de um sonho 
que me estremece  e arrebata.

 A tua pele toca-me os sentidos,
vejo-te, sinto-te cúmplice nesse olhar
doce e salgado que me cobre no leito sonhado 

Ah, doce ilusão deste outono amarelado, onde jazem
lençóis desfeitos na minha memória ardente.

Quem vem interpretar o sonho que te não revelo...



A princípio, 
vagamente deixo-me transportar pelas tuas palavras.
Depois, o teu sorriso, a tua gargalhada
A pele dessas palavras penetram-me
Ferozmente.
Já não sou eu…
Que me importa que a palavra tenha gumes ou ácidos
Se com ela me entendo, 
penso e medito Sem tempo
Não inventes relógios, colhe o momento bendito.
Solta os silêncios, 
quebra as amarras do teu pensamento
Sê, apenas,
Festa sem senhora da agonia

No lilás dos teus hinos
Ouvem-se bailias e barcarolas

Com elas viajo.
São cânticos de amor no vértice do teu tempo irreal e fragmentado.

Lua nova de Agosto
Que te leva para rotas de quentes desejos,
grava-te nos lábios sorrisos de incenso que arderam até ao fim…
Lua nova de Agosto
 deixa-me sonhar até ao fim…

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

No odor das tuas palavras ...
                                                    habitam os pensamentos com que adormeço...
A mudez é em ti uma
expressão
Descobres-te nesses
medos que te devoram as
horas
e te cravam a pele de
cansaços
Ah quem pudera revelar-te os
segredos
que os meus silêncios guardam,
Fazer nascer a cada
madrugada
um musical em flor
em compassos nunca escritos,
apenas vislumbrados nas entrelinhas da
vida,
em soluços que adivinho,
ao compasso do
violino
que me envolve
em jade e fogo
neste vendaval de
palavras
que nunca chegam a ser ditas
Ah contemplação, contemplação
Mergulho nos teus
Silêncios
E percorro a tua
Ausência.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012


Resposta a Sahra

Estamos na ausência do amor
E sabem-me a nenúfares as tuas palavras.

Quebra os silêncios, escuta o grito do cisne -  a sua amada morreu!-

Não há dor na saudade
Mas a consciência de ti fora de mim.

Quisera um cavalo alado que me transportasse para os teus braços.
Quisera a vontade de te chamar.
Quisera ser quem não sou.

Seguir os teus passos, tatuar-te na minha alma, dizer-te que estou aqui,
 Eis o que exalto nas noites longas da tua ausência que perto choro.

São dias e dias, são noites e noites, és tu e sou eu, 
somos nós e o mar imenso que vai de mim para ti.
E eu não tenho barco e as ondas são altas 
e falta-me a força para te abraçar de novo.

No poema, sílaba a silaba, desfaço as tuas recusas, 
acerto o relógio – a corda partiu-se- 
o tempo pára porque eu lhe peço.

Releio as tuas palavras. Sou uma contorcionista do fogo.
Invento as madrugadas em rodopios de saudade.
Fazes-me falta e não me ouves…


Indiferença

 
Como te desejo

 na carne prenhe de outras índias, 

onde a tua pele é almíscar e canela 

em carícias que imagino e nunca senti.

 Mas o teu silêncio transporta um mundo a ruir, 

onde calas os gritos que escorrem 

quando em permuta te sinto a ausência dilacerante.

 As tuas mãos ausentes desenham as curvas 

que nestas palavras deixo amargas e doces .

O sol já vai alto, partiste e sou livre. 

Recrio  a tua  imagem  desvanecendo-se 

para além da curva da estrada.Não sei das cores...

Resta-me re-inventar-te.

domingo, 7 de outubro de 2012

Porque Sara está triste...

Estranha nudez perpassa no teu silêncio
Deixas-te conduzir pelo olhar da noite
Transcendes a realidade
Viajas pela cidade como cesário verde,
Em cada candeeiro desejas a iluminação suprema

Ó janelas abertas ao Tejo,
Abri-vos para os meus sonhos
Levai-me a todos os portos da saudade
Trazei-me, devagarinho, o murmúrio do violino
E eu calar-me-ei na espera

Corro para ti a passos lentos, porque  o nosso encontro tarda.
Tu tardas e eu espero e o Tejo pertence-me
Só ele me devolve o calor dos teus braços, 
nesta noite fogueira onde me sento 
para escutar o violino que me deste.