sábado, 29 de junho de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
à conversa com C. Pessanha
Imagens que passais pela retina dos meus
olhos
Porque não vos fixais?
Por que vos transformais em poema, em
árvore, em rio e sombra?
Como o som do orvalho, gota a gota, numa
lentidão crepuscular,
vós habitais o inverno da minha memória.
Subitamente, desço ao interior da terra,
Lá onde dormem os silêncios,
Lá, onde as máscaras são verdadeiras
Aí encontrei-me inteira(mente) nua
Frente
a frente com a força destas palavras.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Gravei
as tuas palavras a tinta da china
Num
papel de arroz matizado a sépia.
Escuta
Há
palavras inclinadas sobre o meu coração
Outras
vestidas de organdi
Perfumadas
porque falam de ti
Meu
amor
Não
têm tempo, são o sol e são a lua
São
a árvore alta do teu jardim
Olha
estas, aqui, são labirintos onde se escondem as saudades,
talvez do que ainda
não vivemos.
As
sibilas auguram:
Doces
palavras sussurradas no estio
À
beira rio da nossa memória,
Visionárias,
proféticas, sibilinas,
Ao
cair da noite,
Anunciam
aos quatro ventos
este
grito encarcerado na pele.
Agarrei-as
e
sai por aí
vou
ao teu encontro porque
A
hora é nossa!
segunda-feira, 11 de março de 2013
Há
noites que valem uma vida…
Ouço
ao longe o marulhar do vento no teu coração.
Deitas-te
sob oceanos de estrelas:
Eis
o arco-íris do amor
Não
chegaste depois da hora.
Os
relógios pararam e os violinos soltaram gemidos.
O mar
revolto.
é agora planura verde
onde
a esperança
deixou
os lençóis de linho
para
a noite contemplar
o esplendor
dos amantes.
Tu
aí à beira do mar...
Deste-me
que pensar.
adormeci
nos teus versos
e acordei nas minhas palavras:
Quantas
noites
te
busquei no horizonte
quantas
madrugadas desfolhei o pensamento
entre
as pontes do meu silêncio e a praia
serena
lá,
onde as ondas me devolvem o teu sorriso
há um rumor baixinho
que rasga a minha
sede de horas insensatas,
de palavras ancoradas nas marés do teu viver.
Os
relógios devolvem-me a realidade
e um
encolher de ombros surge na orvalhada seiva
que me alimenta os sentidos,
com as tuas palavras.
Fiquei
ancorada neste porto seguro, baixei os braços à vida
Se
a vivi pela metade,
o fatum culparei.
A maré
cheia não se fez para quem escolhe a planura.
Não
faças da vida um cavalo de batalha
Bellum
sine bello
Transforma
as batalhas em correntes de energia
e os rios levarão o curso das tuas palavras
para o Tejo,
lá onde tudo principia e nunca acaba
Busca-te
em cada onda
que bate de mansinho na areia
e
os ventos devolver-te-ão
o
batel da esperança.
Na
urgência das águas não inventes desculpas,
a tempestade amainou.
Deixa
correr a tinta ao sabor de Zeus
e o marinheiro aportará no destino,
trazido
pela aragem da noite,
onde os incêndios se encontram e se apagam,
Para nascerem
quantas vezes o dragão habitar nos abismos das almas que se desejam…
domingo, 10 de março de 2013
De
repente, muito de repente,
a cor destas montanhas se desvaneceu.
O
sol envergonhado assiste
às
lagrimas
de
nuvens
que
vêm direitinhas
para
a terra
em
nupcial
cântico.
E
fico contemplativa
e demoradamente descrevo para mim
a ondulação das serras em
frente,
Como
se pintasse o arco-íris
numa
pontuação irregular.
E
nada sei da origem dos ventos
que
me acariciam os dedos na escrita
e
dão sentido às velhas metáforas
que
carrego nos alfarrábios sem cor.
Pura ficção
de que alguma coisa se altera.
Pura ilusão,
tudo continua.
Na fluída e incerta essência misteriosa
da vida,
Na fluída e incerta essência misteriosa
da vida,
flui em verdes sombras a água nua na
Curva do rio
Curva do rio
onde se escondem as ideias adormecidas.
O mesmo rio não pára.
O principio está só no pensamento,
O principio está só no pensamento,
E o sol assistiu à descida das águas
que
agora darão de beber à terra.
E estas montanhas de novo serão alimento...
E a vida é um circulo!
Sim,
os gestos inventados pertencem aos deuses
que
me acompanham na diáspora
desta frágil vida.
Tudo
passa
e eu gostava de te poder dizer
que os lugares de exílio
não são as ruínas desta pátria, não,
No exílio,
há moinhos a girar
e as águas seguem o curso
e serão gérmen
onde se desenham as
manhãs claras do teu acordar,
Vês,
a neve roçou na minha pele
e eu afaguei o teu sorriso
e a tua alegre chilreada
prazenteira.
Foste
música perfeita
numa concha prateada em solfejos delicados
São hinos à madrugada,
Neste instante
onde os céus me respondem
que as terras se vestem para eu recitar o teu madrigal.
Percorro
todas as linhas do teu poema
e recolho dele as palavras
que guardaste na erma noite dos meus sonhos.
O tempo
rodopiou em desenhos nupciais
e eu fiquei presa ao teu passado.
Os dias
complicam-nos os voos
e constroem-nos
estradas
que se desviam das rotas iniciais.
Como
explicarei eu o significado das palavras
que ficaram nas páginas
que o vento
levou.
Ouço-as,
ao longe, em gemidos, por entre os vales,
Lá,
onde habitam cânticos de agonia
Onde
sempre regresso
Ao fim
do dia
E acendo
as velas no altar dos meus pensamentos.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
No horizonte
se desenham os teus poemas
Em odes à
terra sulcada
Na aragem da
memória viajam
Sonhos que
repartes
Com o mundo
Na melancolia
da noite
Esqueço-me
que o teu grito
é o meu
grito
e o brilho dos
teus olhos fica gravado
no meu peito em sortilégios divinos
quando me
acordas...
E me lês um
poema de súplica
Como correntes
caudalosas deste rio secreto
Que geme
baixinho nos meus lábios
E me
acaricias na invernosa noite
E eu acordo e
ouço-te e ouço-me
E o teu
poema é já o meu poema
que ficou preso
na minha carne
Foi corrente
que se quebrou
Foi suspiro
que deitei aos céus
Foi o canto
de Afrodite.
Nesta noite
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Renascerei das cinzas
Nas rimas em fogo
Que me habitam
Serão as tuas palavras
Senhoras de alto preço
Nessa subtileza.
Falas da história dos ventos,
Vestida de metáforas
de que me não aparto
e os dedos percorrem a escrita
que me anima em pianíssimas melodias
Viaja a lua pelos seus quartetos
Visita-me a solidão
nestas noites,
Em bálsamos de agonia
que respiro na magia dos incensos.
E percorro o vazio …
numa equação de segundo grau…
A buganvília não tem sol e as flores não desabrocham no lado norte do inverno.
Correm por estas veias
O som daquelas carícias
Que na alma respiro
Nesse momento que me dás
E morro quantas vezes me pedires.
Desapareçam os calendários,
romanos ou maias.
Há um só calendário no coração,
Basta-me o teu olhar e o céu diz-me
que horas são :
horas de te amar;
alma, carne, tato,
E perfumo-te com a música do rouxinol
que canta na beira do valado.
E digo-te sonetos de amor,
até adormeceres
E fico quieta
adormecida no sonho,
enquanto escuto
a chuva miudinha
a chuva miudinha
que me atravessa o pensamento
e rasga o peito
E olho-te…
aconchegado em sono profundo.
Deslizam palavras soltas
que pinto com um absurdo lamento
e pinto-as na tela branca do sono que não tenho.
São as vogais, especiarias,
melodias as consoantes,
impregnadas do teu calor
que já foi cânfora, jasmim e amor.
Hoje, há tinta e tela nas palavras soltas
a fazer crescer
a absurda realidade
a fazer crescer
a absurda realidade
Há verbos e quietudes...
Caminho por entre os teus poemas
E o meu vazio atravessa as paisagens
Que tu inventas, do outro lado do mundo.
Ai quantas vezes regresso ao teu primeiro poema,
faminta de me entender com as palavras que não digo,
mas escuto de ti
E a cada palavra tua a minha alma respira
No frio desta madrugada em que percorro
A tua melodia num Alegro de Mozart.
E no balanço dos acordes o meu pensamento volátil percorre,
lentamente,
através das vidraças baças, descobrindo geografias inauditas.
E vou…
E deixo-me levar pelas tuas palavras,
na cumplicidade dos teus segredos,
derrubam pedras,
chegam-me à pele
na tua métrica aguda,
Poesia à flor da pele
Que destilo nestas palavras.
Dolorosas vão,
vagueando no cosmos
Chegarão ou não.
Se o que importa é partir
Que elas encham o meu peito
engrossem as minhas veias
Sejam as algas e os corais do teu poema
Quando me dizes:
“em minhas mãos há verbos e quietudes”
A viajem terminou
E eu acalmo a natureza em mim…
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